quarta-feira, 12 de novembro de 2014

NO SALÃO INTERNACIONAL DO AUTOMÓVEL, ANFAVEA OPINA QUE SOLUÇÃO PARA MOBILIDADE É INTERAÇÃO MODAL

Luiz Moan defende planos diretores para cidades pequenas e médias, porção que mais comprou carro de 2007 a 2013. Executivo participou do Fórum Presente e Futuro da Indústria Automobilística, durante Salão Internacional do Automóvel. 

Um dos convidados na série de palestras do fórum que aconteceu no dia 6 de novembro no Salão Internacional do Automóvel, o presidente da Anfavea Luiz Moan apresentou projeções da entidade em relação ao mercado automobilístico, e frisou a importância das cidades pequenas e médias para o setor. "De 2007 a 2013, as cidades onde mais cresceram os licenciamento de veículos foram aquelas de até 5 mil habitantes, 142%. Não somente grandes capitais precisam de plano diretor, mas as pequenas e médias também". Para Moan, a indústria automotiva é parte da solução de mobilidade. "Não consigo conceber que grandes hubs modais como terminais de ônibus e metrô são inaugurados sem um estacionamento para carros. O que nós defendemos é o uso racional". Moan revelou que, apesar de serem emplacados cerca de 1000 carros/dia na cidade de São Paulo, a saída de veículos é de cerca de 900/dia. "São Paulo hoje tem uma vantagem, porque as vendas são principalmente de substituição". 

Para a indústria de automóveis, resta o desafio de aumentar o coeficiente de habitantes por veículos no país. A previsão é de que em 2034 esse número seja de 2,4 habitantes/veículos no Brasil. Em 2013 esse número era de 5,1 habitantes/veículos.  De acordo com a Anfavea, o crescimento da frota nacional no período entre 2007 e 2013 foi de 67,5% na região Sul; 42,3 no Sudeste; 43% no Centro-Oeste; 61,2% no Nordeste e 59% no Norte. 

PROFESSOR DE NÚCLEO DE ESTUDOS DO FUTURO REFORÇA INTERAÇÃO ENTRE SEGMENTOS PARA DESAFIO DA MOBILIDADE URBANA 

Para Diego Conti (PUC-SP), não pode haver antagonismo entre transporte público e privado, mas montadoras devem se reimaginar como indústrias de mobilidade. 

Durante o Fórum Presente e Futuro da Indústria Automobilística, o prof. Diego Conti, do Núcleo de Estudos do Futuro (PUC-SP) apontou a mobilidade como tema crucial para o mercado de automóveis daqui para o futuro. “O que presenciamos hoje é o surgimento de automóveis com altíssima tecnologia, para uma infraestrutura que não está à altura. O carro, que foi sinônimo de liberdade, é hoje para as gerações Y e Z uma prisão”. Mas, para Conti, essa é uma tarefa não somente para o Brasil, mas uma crise que se espalha em todo o mundo, em grandes cidades. Em seus exemplos, citou Tóquio, com 13 milhões de habitantes e Xangai. A diferença para essas cidades asiáticas foi justamente o investimento em opções modais. "Xangai, em 1990, não tinha malha metroviária. Hoje são 350 km - em São Paulo, hoje, são somente 74,3 km - mas só tamanho não basta. Mudar o trânsito é, necessariamente, uma decisão política, e devolver a cidade às pessoas é uma questão de democracia. Ao mesmo tempo, não pode haver antagonismo entre o transporte público e privado”. 

Exemplo curioso dado pelo professor foi a remoção de um elevado na Coreia do Sul, semelhante ao Minhocão paulistano. Quando o elevado que cobria o rio Cheonggyecheon foi derrubado, e seu entorno revitalizado, o movimento de carros simplesmente migrou para outras áreas. "O trânsito não se comporta como um fluxo de rio, como imaginamos, mas como um gás. Minha provocação final é que a indústria de automóveis tente se reimaginar no futuro como a indústria da mobilidade". 

ECONOMISTAS APONTAM MELHORA ECONÔMICA EM 2015 DURANTE FÓRUM 

Ainda durante o fórum que reuniu executivos e especialistas do setor automotivo, Caio Megale, economista do Itaú BBA, previu o Brasil terá alguns desafios pela frente nos próximos anos, e destacou a crise na Argentina como uma dificuldade a ser superada. Em sua avaliação, aquele país ainda passará por um aprofundamento do cenário crítico, antes de ter uma melhora significativa. “Por ser o principal comprador de veículos produzidos no Brasil, a relevância da Argentina para as nossas vendas é muito grande. É preciso ganhar novos mercados e expandir-se na cadeia global de produção”. 

Todavia, Megale fez também uma análise otimista em relação à saúde financeira das empresas brasileiras. Para ele, diante da queda dos investimentos e, consequentemente, do crescimento no país nos últimos anos, os empresários focaram no ajuste de custos e na eficiência de seus negócios, o que trouxe ganho de produtividade em todos os setores da economia.


Fonte: Assessoria de Comunicação – Reed Exhibitions Alcantara Machado.

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