Luiz Moan defende planos diretores para cidades
pequenas e médias, porção que mais comprou carro de 2007 a 2013. Executivo
participou do Fórum Presente e Futuro da Indústria Automobilística, durante
Salão Internacional do Automóvel.
Um dos convidados na série de palestras do fórum que aconteceu no dia 6 de
novembro no Salão Internacional do Automóvel, o presidente da Anfavea Luiz Moan
apresentou projeções da entidade em relação ao mercado automobilístico, e
frisou a importância das cidades pequenas e médias para o setor. "De 2007
a 2013, as cidades onde mais cresceram os licenciamento de veículos foram
aquelas de até 5 mil habitantes, 142%. Não somente grandes capitais precisam de
plano diretor, mas as pequenas e médias também". Para Moan, a indústria
automotiva é parte da solução de mobilidade. "Não consigo conceber que
grandes hubs modais como terminais de ônibus e metrô são inaugurados sem um
estacionamento para carros. O que nós defendemos é o uso racional". Moan
revelou que, apesar de serem emplacados cerca de 1000 carros/dia na cidade de
São Paulo, a saída de veículos é de cerca de 900/dia. "São Paulo hoje tem
uma vantagem, porque as vendas são principalmente de substituição".
Para a indústria de automóveis, resta o desafio de aumentar o coeficiente de
habitantes por veículos no país. A previsão é de que em 2034 esse número seja
de 2,4 habitantes/veículos no Brasil. Em 2013 esse número era de 5,1
habitantes/veículos. De acordo com a Anfavea, o crescimento da frota
nacional no período entre 2007 e 2013 foi de 67,5% na região Sul; 42,3 no
Sudeste; 43% no Centro-Oeste; 61,2% no Nordeste e 59% no Norte.
PROFESSOR DE NÚCLEO DE ESTUDOS
DO FUTURO REFORÇA INTERAÇÃO ENTRE SEGMENTOS PARA DESAFIO DA MOBILIDADE URBANA
Para Diego Conti (PUC-SP), não pode haver antagonismo entre transporte público
e privado, mas montadoras devem se reimaginar como indústrias de mobilidade.
Durante o Fórum Presente e Futuro da Indústria Automobilística, o prof. Diego
Conti, do Núcleo de Estudos do Futuro (PUC-SP) apontou a mobilidade como tema
crucial para o mercado de automóveis daqui para o futuro. “O que presenciamos
hoje é o surgimento de automóveis com altíssima tecnologia, para uma
infraestrutura que não está à altura. O carro, que foi sinônimo de liberdade, é
hoje para as gerações Y e Z uma prisão”. Mas, para Conti, essa é uma tarefa não
somente para o Brasil, mas uma crise que se espalha em todo o mundo, em grandes
cidades. Em seus exemplos, citou Tóquio, com 13 milhões de habitantes e Xangai.
A diferença para essas cidades asiáticas foi justamente o investimento em
opções modais. "Xangai, em 1990, não tinha malha metroviária. Hoje são 350
km - em São Paulo, hoje, são somente 74,3 km - mas só tamanho não basta. Mudar
o trânsito é, necessariamente, uma decisão política, e devolver a cidade às
pessoas é uma questão de democracia. Ao mesmo tempo, não pode haver antagonismo
entre o transporte público e privado”.
Exemplo curioso dado pelo professor foi a remoção de um elevado na Coreia do
Sul, semelhante ao Minhocão paulistano. Quando o elevado que cobria o rio
Cheonggyecheon foi derrubado, e seu entorno revitalizado, o movimento de carros
simplesmente migrou para outras áreas. "O trânsito não se comporta como um
fluxo de rio, como imaginamos, mas como um gás. Minha provocação final é que a
indústria de automóveis tente se reimaginar no futuro como a indústria da
mobilidade".
ECONOMISTAS APONTAM MELHORA
ECONÔMICA EM 2015 DURANTE FÓRUM
Ainda durante o fórum que reuniu executivos e especialistas do setor
automotivo, Caio Megale, economista do Itaú BBA, previu o Brasil terá alguns
desafios pela frente nos próximos anos, e destacou a crise na Argentina como
uma dificuldade a ser superada. Em sua avaliação, aquele país ainda passará por
um aprofundamento do cenário crítico, antes de ter uma melhora significativa.
“Por ser o principal comprador de veículos produzidos no Brasil, a relevância
da Argentina para as nossas vendas é muito grande. É preciso ganhar novos
mercados e expandir-se na cadeia global de produção”.
Todavia, Megale fez também uma análise otimista em relação à saúde financeira
das empresas brasileiras. Para ele, diante da queda dos investimentos e,
consequentemente, do crescimento no país nos últimos anos, os empresários
focaram no ajuste de custos e na eficiência de seus negócios, o que trouxe
ganho de produtividade em todos os setores da economia.
Fonte: Assessoria de Comunicação – Reed Exhibitions Alcantara Machado.
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