A produção literária brasileira será foco de discussão na 2ª Literata – Festa Literária de Sete Lagoas, tendo como ponto de partida a obra do escritor Fernando Sabino. O evento acontecerá entre os dias 23 e 26 de novembro, no Centro Cultural Nhô-Quin Drummond, mais conhecido como Casarão da Cultura, localizado na Praça Tiradentes. Estarão presentes renomados autores nacionais, como Ignácio de Loyola Brandão, Ivan Ângelo, Fabrício Carpinejar, Luiz Fernando Veríssimo, João Paulo Cuenca, Paulo Roberto Pires, Fernando Paixão e Sérgio Rodrigues, além do jornalista Wilson Figueiredo, da editora executiva do Grupo Leya, Mariana Rolier, do jornalista Mauro Ventura e da editora executiva de O Estado de S. Paulo, Laura Greenhalgh, entre outros.
Como destaque internacional, a segunda edição da Literata apresenta o escritor angolano José Eduardo Agualusa, com obras traduzidas para mais de 20 idiomas. Entre seus romances de sucesso estão “Nação Crioula” / 1997; “Um estranho em Goa” / 2000; e “O ano em que Zumbi tomou o Rio” / 2001; além de “Barroco Tropical” / 2009. Entre os vários até agora conquistados, Agualusa recebeu em 2007, o prestigioso Prêmio Independente de Ficção Estrangeira, pelo livro “O vendedor de passados”, tornando-se o primeiro escritor africano a receber tal distinção. A premiação é uma iniciativa do diário britânico The Independent, em colaboração com o Conselho das Artes do Reino Unido.
A Literata é uma realização da Via Comunicação e Quarteto Filmes, com curadoria do escritor Humberto Werneck, e conta com o patrocínio da Iveco Latin America e apoios da Petronas Lubrificantes, Turi e Faculdades Promove.
Este ano, o festival reafirma sua posição no cenário nacional como importante evento literário, ao discutir a prosa, a poesia, a ficção, o romance, a inclusão digital, o cinema, o teatro e as artes em geral, entre outros assuntos relacionados à produção literária brasileira. Tudo isso em interface com a obra do escritor Fernando Sabino, através de mesas redondas, palestras, oficinas, exposições e apresentações diversas para públicos de todas as idades.
O homenageado
Natural de Belo Horizonte, Fernando Sabino nasceu em 12 de outubro de 1923. Filho do procurador de partes e representante comercial Domingos Sabino, e de D. Odete Tavares Sabino, começou a se interessar pela literatura bem cedo. O primeiro livro de contos dele, “Os grilos não cantam mais”, foi publicado em 1941, no Rio de Janeiro, quando o autor tinha 18 anos. Alguns desses contos foram escritos quando Fernando Sabino tinha apenas 14 anos.
Em 1938, ajudou a fundar um jornalzinho chamado "A Inúbia" e passou a participar de vários concursos de crônicas, conquistando inúmeros prêmios. No início da década de 1940, começou a cursar Direito e ingressou no jornalismo como redator da Folha de Minas. Em 1944, depois de concluir a faculdade, Fernando Sabino mudou-se para o Rio de Janeiro e, em seguida, foi para os Estados Unidos, onde ficou dois anos e se casou com a primeira esposa, Helena Sabino.
O “Encontro Marcado”, uma de suas obras mais conhecidas, foi lançado em 1956, ganhando edições até no exterior, além de ser adaptado para o teatro. Em 1957, Sabino passou a viver exclusivamente como escritor e jornalista. Iniciou uma produção diária de crônicas para o Jornal do Brasil, escrevendo mensalmente também para a revista Senhor.
Em 1960, publicou o livro “O Homem Nu”, pela Editora do Autor, fundada por ele, Rubem Braga e Walter Acosta. Em 1962, publicou “A mulher do vizinho”, que recebeu o Prêmio Fernando Chinaglia, do Pen Club do Brasil. Em 1966, fez a cobertura da Copa do Mundo de Futebol para o Jornal do Brasil. No ano seguinte, fundou, em conjunto com Rubem Braga, a Editora Sabiá, onde publicou livros de Vinicius de Moraes, Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meireles e Clarice Lispector, entre outros.
Em 1979, publicou outro romance de sucesso, “O Grande Mentecapto”, iniciado mais de 30 anos antes. A obra, que lhe rendeu o Prêmio Jabuti, acabaria sendo adaptada para o cinema, com direção de Oswaldo Caldeira, em 1989, e também para o teatro. Em julho de 1999, recebeu, da Academia Brasileira de Letras, o prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra.
Faleceu em sua casa em Ipanema (zona sul do Rio de Janeiro), às vésperas de completar 81 anos. A pedido do escritor, seu epitáfio é o seguinte: "Aqui ‘jazz’ Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino!"
Patinho feio
Baseada na sua filosofia de promover valores locais, a Literatra, este ano, apresenta o projeto “Patinho Feio”, de autoria dos artistas plásticos de Sete Lagoas, Adriana Drummond, Demetrius Henrique Cotta e Luciano Ribeiro. Eles criaram peças inspiradas em crônicas do autor homenageado na segunda edição da Festa Literária de Sete Lagoas a serem aplicadas em três pedalinhos da Lagoa Paulino, tradicional cartão postal da cidade. As peças serão apresentadas no dia 19 de outubro, na Casa da Cultura, quando esses pedalinhos serão lançados na água.
Além disso, como extensão da Literata, Adriana, Demetrius e Luciano iniciaram, no último dia 15 de outubro, no espaço Templo 8, uma oficina com 35 alunos do ensino fundamental das escolas do município. Até início de novembro, esses jovens – entre 12 e 15 anos de idade – irão criar ilustrações a serem aplicadas também em sete pedalinhos da Lagoa Paulino. Todas as peças criadas terão também como inspiração a obra de Fernando Sabino. Este trabalho será apresentado durante a 2ª Literata.
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