Festa literária de Sete Lagoas foi um presente da Iveco, pelo segundo ano consecutivo, no mês de aniversário da cidade
Mais de 5 mil pessoas prestigiaram o evento, que teve como autor homenageado o escritor mineiro Fernando Sabino
De 23 a 26 de novembro, Sete Lagoas se transformou na capital cultural do Estado, durante a segunda edição da Literata, festa literária da cidade. Promovido pela Iveco, o evento veio para reforçar a iniciativa certeira da montadora de caminhões, aumentando ainda mais os resultados conquistados na primeira edição, em 2010. Foram mais de cinco mil pessoas prestigiando mesas redondas, exposições, oficinas, sessões de cinema e shows, que exploraram todo o universo do autor homenageado, o escritor mineiro Fernando Sabino.
O diretor de comunicação da Iveco, Marco Piquini, falou sobre a importância de promover eventos como a Literata a fim de disseminar a cultura e ampliar as oportunidades de conhecimento. “A literatura nos leva a conhecer países e culturas distantes e, mesmo com tanta diversidade, nos faz ver que somos todos iguais. A literatura nos humaniza, e esse é um dos motivos que levaram a Iveco a presentear Sete Lagoas, pelo segundo ano consecutivo, com essa grande festa”, disse. O secretário de cultura e comunicação social de Sete Lagoas, Freddy Antoniazzi, reforçou a importância da Literata: “um projeto de cultura e literatura é mais que louvável, é admirável”.
Logo em sua primeira noite, cerca de 400 pessoas marcaram presença para assistir ao debate Fernando Sabino – O homem, o escritor, sua contribuição, com Ignácio de Loyola Brandão e Mauro Ventura e mediação do curador da festa, Humberto Werneck. Durante o debate, os convidados contaram, de forma lúdica e com muito bom humor, como as obras de Sabino influenciaram suas carreiras profissionais e até a vida pessoal, além de ressaltar características marcantes do homenageado e do seu legado. “Sabino conta o que está em volta da gente. Ele sabia tirar dessa nossa vida, dos nossos interiores, o que era liberdade, o que era sonho. Sabino não era grande pro acaso, ele era grande porque era grande”, contou o escritor e jornalista Ignácio de Loyola Brandão.
No segundo dia, as discussões da Literata foram sobre Mercado Editorial e as Crônicas de Fernando Sabino. Fabrício Carpinejar e Ivan Ângelo, convidados da mesa “Sabino, o cronista”, exploraram as peculiaridades e características da crônica com muito bom humor. “A crônica surge dos prazeres do dia a dia, como escrever pela primeira vez num caderno novo, ou estrear uma agenda nova”, contou Ivan Angelo, reiterado por Carpinejar: “as melhores crônicas surgem nas conversas”, afirmou. A segunda mesa, mediada por Mariana Rolier, discutiu o mercado editorial brasileiro e suas mudanças, o sistema educacional do país, o hábito de leitura dos brasileiros. Dessa vez os convidados foram Fernando Paixão, Julia Moritz Schwarcz e Luciana Villas Boas.
“A Literatura e sua conversa com as outras artes” foi o tema da primeira mesa da sexta, dia 25. A jornalista Michele Borges mediou o debate que teve como convidados o estilista Ronaldo Fraga, o músico Dr. Morris, o diretor Paulo César Bicalho e a atriz Yara de Novaes. Bicalho, responsável por levar a obra “O Encontro Marcado” para o teatro, falou sobre a inevitável infidelidade da adaptação. “É preciso não ter medo de ser infiel para ser bem sucedido na empreitada”. A noite terminou com a conversa do jornalista José Eduardo Gonçalves com o escritor angolano, José Eduardo Agualusa. O público pode presenciar a entrevista de Agualusa, que falou sobre “a aventura de escrever em português”, entre outras curiosidades dos seus livros e experiências trazidas de diversos países que utilizam o português como língua oficial.
O último dia da Literata² discutiu Fernando Sabino como correspondente e romancista. Humberto Werneck e Sérgio Rodrigues participaram da primeira mesa, mediados por Luís Henrique Pellanda, e falaram sobre como as correspondências trocadas entre Sabino e outros autores retratavam o caráter dessas relações. “O Encontro Marcado” foi o romance escolhido para discussão da segunda mesa, que teve como convidados João Paulo Cuenca e Paulo Roberto Pires, mediados por Sérgio Rodrigues. Os debatedores falaram em como o livro, considerado o melhor romance de Sabino, oferece uma multiplicidade de interpretações, aproximando ainda mais os personagens dos leitores. “Fernando Sabino me deu palavras para definir o que eu estava sentindo. Eu achava que era o único, não sabia que estava sendo acompanhado”, resumiu Cuenca.
O encerramento da Literata² ficou por conta do Sempre um Papo 25 anos, que teve como convidado especial o escritor Luis Fernando Veríssimo. Mais de 500 pessoas lotaram a plenária e tornaram o evento ainda mais interativo, com diversas perguntas feitas ao escritor. Veríssimo falou sobre assuntos variados, como a existência de diversas crônicas na internet com sua assinatura, mas que não são de sua autoria. Logo após o bate-papo, o escritor mostrou sua faceta de músico, ao se apresentar com sua banda, Jazz 6, e mostrar toda a sua intimidade com o saxofone.
Nem só de especialistas e amantes da literatura a plateia da Literata² foi formada. Bernardo Abner, de apenas 8 anos, assistiu a vários debates da festa, acompanhado da mãe, Alessandra Marques. “Minha mãe me perguntou se eu queria vir para a Literata, e eu disse que sim. Gostei muito do Ignácio Loyola e aprendi muitas coisas sobre o Fernando Sabino. O filho dele, meu xará Bernardo, me deu um livro de presente, que vou começar a ler já”, contou o garoto, com um exemplar de “O Homem Nu” nas mãos. O incentivo veio todo da mãe, professora apaixonada pela literatura. “Literatura é tudo, é vida, por isso sempre incentivo meus filhos a lerem. Saio daqui renovada”, comemorou Alessandra.
Atividades para todas as idades
Paralelamente à Literata², foram realizadas oficinas para professores e alunos dos ensinos Fundamental e Médio, para jovens da cidade e ainda para recuperandos do Centro de Reintegração Social Dr. Franz de Castro Holzwarth (Apac), todas inspiradas nas obras de Fernando Sabino. Foram cerca de 2000 participantes nessas atividades, que abordaram teatro, contação de histórias com instrumentos musicais, conservação de livros, escultura em papel e gravura em monotipia. Também foi realizada uma oficina de artes plásticas, que rendeu a criação de imagens inspiradas nas obras de Sabino e que foram aplicadas nos pedalinhos da Lagoa Paulino, tradicional cartão postal de Sete Lagoas. Esse projeto, chamado de “Patinho Feio”, foi desenvolvido pelos artistas plásticos da cidade, Adriana Drumond, Dmtrius Cotta e Luciano Ribeiro.
O Casarão, local onde a Literata² foi realizada, também recebeu espaços de modernidade e tecnologia, com as exposições interativas que retratavam a vida e a obra de Fernando Sabino. As fases fundamentais da vida do autor foram colocadas em um dispositivo que captura os gestos das mãos do usuário, fazendo com que o mesmo controlasse roletas e dominós de imagens, organizados cronologicamente e projetados em uma tela. A exposição “O muro e os livros”, consistiu em uma tela, uma coluna de livros na base e alguns pendurados em uma corda. No muro foram projetadas letras e palavras mais freqüentes das obras de Sabino, utilizadas para formar pequenas expressões a partir de combinações aleatórias de palavras.
Sustentabilidade
A segunda edição da Literata trouxe de volta a exposição dos produtos do grupo de artesanato da comunidade Cidade de Deus, de Sete Lagoas. A festa literária separou um espaço especial para as peças criadas pelo grupo, como forma de geração de renda e oportunidade de novos negócios para os moradores do bairro.
Foram expostos produtos variados, como porta objetos, tapetes, descanso de panelas, peças de decoração, jarras e flores, feitos de materiais diversificados, como jornal, tecido, madeira, biscuit, entre outros. Muitas dessas peças foram inspiradas nas obras de Fernando Sabino, autor homenageado. Marilander Geralda de Souza Moreira, mais conhecida como Dona Nan, foi uma das artesãs responsáveis pelo espaço. “Eu só tenho que parabenizar os organizadores deste evento. Eu fiquei maravilhada com a primeira Literata, agora esta segunda superou minhas expectativas. Já estou ansiosa pela chegada do próximo evento.”
A parceria com a comunidade Cidade de Deus faz parte do Próximo Passo, programa de sustentabilidade da Iveco. O bairro recebe ações constantes de desenvolvimento e geração de renda, realizadas pela montadora, como forma de ampliar ainda mais as oportunidades de crescimento e envolvimento cultural dos moradores.
